21 07 2021 Termas Romanas de São Pedro do Sul

O design do livro Termas Romanas de São Pedro do Sul

Maria João Macedo e Dário Cannatà Porto, 19 de Julho de 2021

O livro é desenhado com uma quinta cor, um verde acinzentado que imprime a água, o elemento central do projecto de arquitectura de João Mendes Ribeiro para a reabilitação do edifício das Termas Romanas de São Pedro do Sul. Serve também para fazer um espelho entre o português e o inglês, onde a indentação da primeira linha de cada texto é recuada de modo que seja reforçada a imagem da superfície da água das piscinas romanas.

Além da cor, também o papel ajuda nesta representação. A sua transparência e a acumulação de camadas ― de texto sobre texto, de texto sobre imagem, ou desenho sobre desenho ― cria diferentes registos de sobreposição, como tons que marcam a passagem do tempo.

Em termos tipográficos, procurou-se uma abordagem contemporânea de composição de texto, contrastante com o tipo de letra escolhido ― bastante condensado e levemente caligráfico ―, que, não sendo clássico, traz ecos de um tempo histórico passado. No que diz respeito ao grafismo, ao trabalharmos referências antigas com a preocupação de as atualizar, tomamos como nossas algumas preocupações que também assistiram ao processo de recuperação arquitectónica deste edifício.

Os pequenos desenhos do arquitecto, feitos à mão-levantada, aparecem dispostos nas páginas como se pudessem ter sido encontrados assim no seu caderno de esquissos, também por esse motivo reproduzidos em tamanho natural.

No plano das fotografias, a não-existência de uma moldura branca permite que elas transcendam os limites do papel, convocando uma experiência mais imersiva. Por outro lado, destaca-as da grelha a que estão sujeitos os restantes conteúdos e faz com que estas imagens assumam uma dignidade própria: mais do que meros registos do edifício, elas são olhares de um outro autor, João Pedro Cortes.

Cada parte do livro é, assim, tratada com autonomia. As secções são bem demarcadas: o texto, depois os desenhos, as fotografias, os desenhos técnicos ― sempre com recurso a papéis e texturas diferentes, tentando que o livro enquanto objecto seja diverso e abundante ao longo dos diferentes conteúdos, que são simples, limpos e rigorosos. Quase como um rio. A cada novo momento, pede-se ao leitor uma coreografia de leitura distinta.